Surgem pessoalmente bem-postos, estadeando exigências ou formulando complicações, no entanto, bastas vezes trazem o coração sob provas difíceis; espancam-te a sensibilidade com palavras ferinas, contudo, em vários lances da experiência, são feixes de nervos destrambelhados que a doença consome; revelam-se na condição de amigos, supostos ingratos, que nos deixam em abandono, nas horas de crise, mas, em muitos casos, são enfermos de espírito, que se enviscam, inconscientes, nas tramas da obsessão; acolhem-te o carinho com manifestações de aspereza, todavia, estarão provavelmente agitados pelo fogo do desespero, lembrando árvores benfeitoras quando a praga as dizima; são delinquentes e constrangem-te a profundo desgosto, pelo comportamento incorreto; no entanto, em múltiplas circunstâncias, são almas nobres tombadas em tentação, para as quais já existe bastante angústia na cabeça atormentada que o remorso atenaza e a dor suplicia...
Não
te digo que aproves o mal sob a alegação de resguardar a bondade.
A
retificação permanece na ordem e na segurança da vida, tanto quanto vige o
remédio na defesa e sustentação da saúde. Age, porém, diante dos acidentados da
alma, com a prudência e a piedade do enfermo que socorre a contusão,
sem alargar a ferida.
Restaurar
sem destruir. Emendar sem proscrever. Não ignorar que os irmãos transviados se
encontram encarcerados em labirintos de sombra, sendo necessário garantir-lhes
uma saída adequada. Em qualquer processo de reajuste, recordemos Jesus que, a
ensinar servindo e corrigir amando, declarou
não ter vindo à Terra para curar os sãos.
(Chico/Emmanuel
– Waldo Vieira/André Luiz, “Estude e Viva”, item 17, p. 48.)