O Poder da Migalha

Não desprezes o poder da migalha na obra do auxílio.

O prato simples que partilhas com o irmão em penúria não resolve o problema da fome; entretanto, ele em si não é apenas favor providencial para quem o recebe, mas também mensagem de fraternidade expedida na direção de outras almas, que se inclinarão a repartir as alegrias da mesa. ...

A peça de roupa com que atendes ao viajor, estremunhado de frio, não extingue o flagelo da nudez; todavia, ela em si constitui valioso abrigo para quem a recolhe, mas também apelo silencioso para amigos que esperam, unicamente, um sinal de amor para se entregarem aos júbilos do serviço.

Acontece o mesmo com a moeda humilde que, ajustada à beneficência, faz pensar no valor da cooperação, e com o livro edificante que, funcionando no apoio a companheiros necessitados de esclarecimento e consolo, nos obriga a meditar no impositivo da cultura espiritual.

Em muitas circunstâncias, é um gesto só de tua compreensão que salvará alguém de calamidade iminente e, em muitos casos, uma só frase de tua parte representará a segurança de comunidades inteiras. Bem-aventurado todo aquele que estende milhões à supressão dos problemas de natureza material e bem-aventurado todo aquele que cede algo de si próprio, a benefício dos outros, ainda que seja tão-somente uma palavra de bênção para o conforto de uma criança esquecida.

Não desprezes o poder da migalha na obra do auxílio. Por dádiva de sustentação e misericórdia para felizes e infelizes, sábios e ignorantes, justos e injustos, Deus entrega o Sol por atacado, mas por dom inefável, capaz de conduzir as criaturas com harmonia e discernimento, no rumo das perfeições divinas, Deus dá o tempo, trocado em miúdo, através das migalhas dos minutos, iguais para todos.

O coração humano é comparável a cofre repleto de riquezas incalculáveis, e ninguém o possui impenetrável ou inacessível... Habitualmente, resistirá a golpes de martelos, à ação de gazuas e até mesmo ao impacto de explosivos e provas de fogo; mas, quase sempre, é a tua migalha de humildade e paciência, bondade e cooperação que simboliza a chave capaz de abri-lo.


(Estude e Viva - Chico Xavier/Waldo Vieira
Emmanuel/André Luiz - Item 20.)