“A resignação com que os espíritas aceitam a desencarnação de seus entes
queridos, familiares e amigos é alguma coisa de impressionar aqueles que não
estão identificados com a consoladora Doutrina dos Espíritos. Nos lares onde
viceja a fé espírita, ao invés do desespero, o que se observa, em tais
ocasiões, é a serenidade de todos, a calma evangélica, o esforço para que a
Vontade Divina, expressa através das leis de Justiça e Misericórdia, seja
submissamente entendida.
Não queremos dizer, com isto, que sejamos criaturas
insensíveis, que não tenhamos saudade dos que se foram. [...] O espírita é um
ser igual a todos, tendo as mesmas emoções, os mesmos sentimentos, as mesmas
lutas. Sofre, como os demais, mas procura se esforçar, amparado na convicção doutrinária,
refugiado no consolo evangélico, no sentido de aceitar, tanto quanto possível
valorosamente, as separações. [...] A saudade em que humanamente se mergulham
os espíritas, [...] não é uma saudade que torna a criatura imprestável, incapaz
de produzir, inapta para a vida, sem condições para superar aflitivas
recordações, que lhe repercutem no mundo interior à maneira de avassaladoras
toneladas de angústia.
A nossa saudade — a ‘saudade espírita’, assim permitam a conceituemos — converte a lembrança do ser amado em estímulo ao trabalho, para que o progresso espiritual não sofra solução de continuidade. [...] Não são lágrimas amargas de quem se revolta, de quem se confia às blasfêmias contra Deus, contra Jesus, contra tudo, contra todos. É o pranto discreto, a lágrima silenciosa a deslizar, como cintilante pérola, pelo rosto combalido, mas não desesperado. [...]
Quando semelhante provação te bata à porta, reprime o desespero e dilui a corrente da mágoa na fonte viva da oração, porque os chamados mortos são apenas ausentes e as gotas de teu pranto lhes fustigam a alma como chuva de fel”, aconselha, carinhosamente, Emmanuel. [...] “Na linguagem espírita, a morte é, tão-somente, transição de uma para outra forma de vida. [...]” Encerra Emmanuel: “Tranquiliza, desse modo, os companheiros que demandam o Além, suportando corajosamente a despedida temporária, e honra-lhes a memória abraçando com nobreza os deveres que te legaram.”
Muita Paz!
(Perda de Entes Queridos,
cap.34 – livro O
Pensamento de Emmanuel - Martins Peralva, FEB.)